quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Manipulação e Mesa Redonda

Nos dias 1, 2 e 3 de dezembro concluímos a primeira etapa do projeto de formação "Com a Mão na Luva - 2ª edição". Incrível como em apenas uma semana o número de participantes do projeto dobrou! Na semana passada éramos 15 e de repente somos 30: bonequeiros e bonecos misturados, prontos para o trabalho!

No primeiro dia realizamos uma bateria de exercícios de aquecimento e alongamento específicos para a técnica da luva, a qual exige muito dos braços (que ficam estendidos para o alto a vida toda) e da coluna cervical (que apóia cinco quilos de uma cabeça que olha para cima quase todo o tempo). Já alongados e aquecidos, os alunos puseram enfim a mão na luva e exercitaram a caminhada com o boneco. As primeiras dores começaram a aparecer... Exercícios de eixo e foco, individuais e depois em duplas, permitindo correções através da observação. Aliás, a observação é um aspecto muito importante nesta etapa, pois propicia o aprendizado a partir do acerto e do erro.




Em seguida, os personagens tiveram seu primeiro contato com a empanada, realizando vários exercícios de entradas, saídas, cumprimentos ao público, ponto fixo, trabalhando diferentes ritmos, de acordo com a personalidade de cada boneco. Bonequeiro e boneco puderam se familiarizar com seu local de atuação. Sim, porque são duas coisas interligadas, mas bem distintas: 1) a atuação do boneco e 2) a atuação do bonequeiro embaixo deste boneco, a qual ocorre quase sempre em um espaço pequeno, muitas vezes dividido com outros bonequeiros. Neste dia o boneco também aprendeu a sentar, ajoelhar, subir e descer escadas imaginárias, elevadores, etc. Ufa quanta coisa nova na ponta dos dedos!!!! Às vezes, o movimento do boneco não ficava verossímil ao olhos de quem observava, então fazíamos o mesmo movimento com nosso corpo, tentando entender sua mecânica antes de transferi-la ao boneco.



No segundo dia repetimos exercícios de aquecimento e alongamento e partimos para a improvisação de cenas, em duplas, a partir dos movimentos aprendidos no dia anterior. Improvisar, avaliar, corrigir e repetir. As risadas de quem assistia revelavam ao manipulador ou o erro (como enterrar o boneco na empanada, por exemplo) ou o acerto de um movimento novo. E assim passamos o dia! Observa uma cena de frente. Vira a empanada e observa a mesma cena de trás. Corrige. Faz de novo. Risos. Aplausos. Ao final fizemos uma avaliação das conquistas e dificuldades de atuar com um companheiro em espaço reduzido da empanada.



No terceiro dia apareceram os primeiros choros de dor e de decepção por não conseguir os resultados pretendidos. Calma galera, é só o começo! Aprender é um processo! No final da manhã mostramos bonecos, cenários e adereços do espetáculo El Gran Circo-teatro de Luvas, da Cia Mútua, o qual possui alguns truques de mágica, que só costumamos compartilhar com outros bonequeiros.

O dia terminou com uma Mesa Redonda, onde os bonequeiros convidados Marcelo de Souza (Cia Experimentus, Itajaí/SC), Mery Petty (Cia Alma Livre, Jaraguá do Sul/SC) e Willian Sieverdt (Trip Teatro, Rio do Sul/SC) contaram um pouco sobre sua trajetória no teatro de bonecos, dando enfoque para seus trabalhos com a técnica da luva. A conversa foi muito produtiva!! Marcelo fez uma cena do espetáculo Conto Notívagos ao vivo, com direito a cena de beijo e tudo! Mery mostrou a empanada de seus espetáculos, a qual se monta em menos de um minutos, deixando a plateia perplexa! Willian falou dos princípios do teatro de animação, levantando também algumas questões a respeito das políticas públicas culturais. Ao final tivemos alguns questionamentos e fechamos a tarde com um gostoso coquetel oferecido pelo Sesc Itajaí.



O que fica desta trabalhosa semana é a dedicação e empenho de cada um dos alunos, que estiveram inteiros e presentes, comprometidos com o projeto! Nosso próximo encontro é em fevereiro! Até lá!