terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Bora Manipular!

Nossa segunda semana de oficina juntos (de 24 a 26 de novembro) foi tão proveitosa quanto a primeira! Desta vez os encontros aconteceram na unidade do SESC-Itajaí, parceiro do projeto! Começamos com uma bateria de exercícios específicos para quem trabalha com esta técnica, que exige muito dos dedos, dos braços, da coluna lombar e cervical.


Os exercícios provaram que além da sua alma, o bonequeiro também precisa dar ao boneco o seu corpo. E por isso é importante ter um corpo treinado e preparado para executar as ações que o boneco pede. Então, com o corpo aquecido e alongado,  é hora de botar a mão na luva e começar a manipular!


Inicialmente trabalhamos com apenas 2 dos princípios básicos da manipulação, que são o foco e o eixo. Acostumar o braço a ficar levantado durante algum tempo é tarefa árdua, mas acredito que manter a altura do boneco sobre a empanada e deixar suas pequenas mãos em posição de neutralidade são as coisas básicas mais importantes, e no começo as mais difíceis! 


Para nós mútuos, que já trabalhamos com a manipulação direta sobre balcão há alguns anos, duas questões mudam radicalmente no trabalho corporal do ator-manipulador:

1) o boneco passa a estar acima e não mais abaixo do bonequeiro, o que muda seu ângulo de visão em relação ao objeto animado;
2) o deslocamento do bonequeiro acontece de forma diferente: enquanto no balcão ele adota a 'posição de cavaleiro' e se desloca a poucos e largos passos, tentando manter a máxima neutralidade, no teatro de luva ele está oculto atrás da empanada e para que o boneco não perca a altura, seu deslocamento deve acontecer a curtos passos, mantendo o braço sempre paralelo ao tronco.


No primeiro e segundo dias a palavra-chave foi repetição!

Repetir o movimento várias e várias vezes pode ser chato, mas é necessário para compreender os mecanismos da técnica. Assim como é importante aprender a mover o boneco através das reações da atenta plateia sentada em frente à empanada, afinal estamos falando de teatro popular, onde a relação entre o boneco e o público é essencial.
No terceiro dia, as improvisações em duplas abriram margem para boas e gostosas risadas! Ou devido ao manipulador que esquecia de manter o braço levantado, ‘enterrando’ o boneco atrás da empanada, ou pela surpresa de alguma nova proposta de movimentação.

Sim, como plateia queremos ser surpreendidos, então como bonequeiros temos que tentar fugir do óbvio, levando ao nosso público o inesperado!O público deseja ser pego de surpresa e isso não é fácil de conseguir, mas a tentativa continua, sempre! E o boneco tem mil possibilidades, transformando o bonequeiro em criança com brinquedo novo, querendo descobrir todas as brincadeiras que cabem no seu brincar.


Em meio a risos e choros nos despedimos com o próximo encontro marcado para fevereiro de 2012. Até lá cada grupo terá tempo de cumprir o dever de casa para então podermos colocar nosso espetáculo varieté em pé. As dez apresentações estão previstas para acontecer em março de 2012. Então galera, bora trabalhar que só temos 3 meses antes da estreia!!!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Reportagem

Olha só a reportagem que a ENTV exibiu sobre o nosso projeto, na semana passada!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Botando a mão na massa

Aconteceu entre os dias 17 e 19 de novembro, na casa verde, sede da Cia Mútua, a primeira parte da Oficina de Teatro de Bonecos de Luva. Estiveram conosco, da ‘caravana’ de Florianópolis: Alex de Souza, da Cia Espiral Cênica e Luana Mara Pereira, do projeto SomBras. De Fortaleza: Caroline Holanda Cavalcante, Lucas Freitas e Ingrid Ferreira, do Curso de Artes Cênicas da UNIFOR. De Porto Belo: Patrícia Estivallet. De Itajaí: Karin Romano; Carlos Valle; Telja Rebelatto, do grupo Cálice; Jo Fornari, da Cia Andante; além dos mútuos Laura Correa e Fernando Honorato. No finalzinho também contamos com a presença de amigos, curiosos, simpatizantes que apareceram para ver, fotografar, entrevistar ou apenas para dar um oi.

E o que a princípio parecia um objetivo um tanto ousado, se concretizou! Ao término de um período de 3 dias, cada um dos participantes da oficina saiu com seu boneco de luva pronto! O ponto de partida do trabalho foi a leitura de quatro textos de Guaira Castilha, chamados: “Sono”, “O Soluço”, “História com Flores” e “Fuga”. Após a divisão de grupos por cenas, cada 'oficinando' escolheu seu personagem e botou a mão na massa, digo, na argila, e iniciou o processo de modelagem de seu boneco. Algumas horas de papietagem depois, já tínhamos várias cabeças secando ao sol, mas não sem a ajuda eficaz de secadores de cabelo para acelerar o processo! Modelamos, colamos, cortamos, costuramos, conversamos, rimos, tomamos café, pintamos e bordamos durante três longos e proveitosos dias, que começavam às 9 da manhã, terminando quando o sol já havia sumido há tempos e nossos olhos se esforçavam para arrematar aquele último ponto do camisolin.

No sábado à noite algo havia mudado. O grupo estava fortalecido e maior, afinal agora já não éramos mais 14, e sim 28, num misto de criaturas e criadores, almas e ânimas, que se confundiam e se completavam!

No próximo final de semana tem mais!
















segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Oficina em Itajaí

Estão abertas as inscrições para a Oficina de Teatro de Bonecos de Luva (construção e manipulação), que será ministrada em Itajaí, pela Cia Mútua, no mês de novembro, a partir da residência artística realizada com o grupo El Chonchón, em Córdoba, Argentina. São 10 vagas disponibilizadas e o objetivo é a montagem de um espetáculo teatral varieté, a partir dos textos do dramaturgo argentino Guaira Castilla. Os participantes da oficina já estarão automaticamente selecionados para a etapa de ensaios e apresentações, em data a ser combinada posteriormente.

Datas: 17 a 19 e 24 a 26 de novembro, das 9h às 12h e das 13h30 às 17h30

Local: Sede da Cia Mútua, no Bairro São João, em Itajaí.

Inscrições: a oficina é gratuita e os interessados deverão solicitar o formulário de inscrição através do email  ciamutua@gmail.com. O prazo para inscrever-se é até 14 de novembro. O resultado sairá no dia 15.


sexta-feira, 11 de novembro de 2011

10 dias na Argentina

Isso mesmo! A primeira etapa deste projeto nos levou no dia 1° de agosto até a cidade de Córdoba, Argentina, onde permanecemos durante 10 dias em residência artística com o Grupo El Chonchón.

Foi uma experiência no mínimo inesquecível! Chegávamos todos os dias ao atelier do grupo por volta das 10 horas da manhã e de lá saíamos geralmente já tarde da noite, quando o cansaço já nos vencia. Passamos boas e generosas horas com o mestre Miguel Oyarzun Perez e sua companheira Laura Ferro, também bonequeira. Só temos a agradecer a estes dois seres iluminados por nos receberem com tanta hospitalidade!

A construção do boneco Dom Primer (assim batizado justamente por ser o primeiro) era entremeada por exercícios de manipulação, conversas, cafés, vinos, encontros com titeriteiros da cidade (ou que estavam lá de passagem), consultas à biblioteca de Miguel e Laura, enfim, toda uma atmosfera onde respirávamos títeres de guante 24 horas por dia. Inclusive quando voltávamos para o hotel tarde da noite e Miguel colocava em nossas mãos los abuelos (bonecos do espetáculo Juan Romeo y Julieta Maria), para que treinássemos antes de dormir. E quando fechávamos os olhos, as luvas reinavam até em nossos sonhos!

Aprendemos a construir a cabeça, a costurar el camisolin, a fazer engrudo, a nos posicionar atrás da empanada, a manipular dois bonecos simultaneamente, entre muitas, muitas outras coisas. E, ao contrário do que se pensa, o boneco de luva não é limitado e sim, rico em possibilidades de movimentos, de ritmos, de ações. Constatamos isso durante o processo de aprendizagem da gag chamada La Espera, de autoria de Hector di Mauro e Roberto Espina, dois importantes titeriteiros argentinos, discípulos diretos de Javier Villafañe e mestres de Miguel.

Voltamos pra casa ainda mais empolgados do que quando fomos, ansiosos para dar continuidade ao projeto e empolgar outras pessoas com a magia e encantamento do boneco de luva.
Orientação de Miguel na modelagem da cabeça em argila.
Cabeça de papel sendo preparada para o corte
Pintura e acabamentos
Preparação do molde para o recorte das mãozinhas

Dom Primer completamente nu
Exercício de triangulação
Miguel explicando sobre o eixo do boneco
Exercício de foco atrás da empanada

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Boas Vindas bonequeiros e simpatizantes do teatro de bonecos!


Este blog tem como objetivo registrar as ações do projeto “Com a Mão na Luva”, idealizado e produzido por nós, os mútuos, integrantes da Cia Mútua. O patrocínio é da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, Fundação Cultural, Prefeitura Municipal de Itajaí, Seara Alimentos, Marfrig Group, com apoio do SESC-Itajaí.


Nossa pesquisa no teatro de animação começou ainda em 2002 e desde então conhecemos várias técnicas de manipulação de bonecos, mas acabamos nos dedicando principalmente à técnica da manipulação direta sobre balcão. Em 2008 tivemos o prazer de conhecer o Grupo argentino El Chonchón, que trabalha com o teatro de luvas há mais de 20 anos. Então começamos a nos interessar por mais esta vertente do teatro de animação, também conhecida como Mamulengo, Punch, Karagoz, João Redondo, Kasperl, Títere, entre outras terminologias. A cada encontro com o grupo argentino, íamos conhecendo mais seu trabalho, vendo seus espetáculos e trocando algumas ideias. Isso despertou nossa vontade de pesquisar o Teatro de Luvas e literalmente colocar a Mão na Luva, deixando que pulse um coração no boneco, pois esta técnica é a única em que o corpo do boneco é a própria mão do bonequeiro.


Assim, nasceu o projeto “Com a Mão na Luva”, o qual propõe a formação para bonequeiros em Teatro de Luvas, a montagem cênica e a apresentação de espetáculo teatral, como resultado da oficina de formação.